domingo, 26 de junho de 2011

Homenagem ao Paulo Renato

O Paulo Renato foi o primeiro mentor do Vetor Brasil. Eu tive uma única reunião com ele. Nela, explicamos qual era a nossa proposta.

Reunião com o Paulo Renato Souza na sede do ISD, em São Paulo

Éramos um grupo de engenheiros e administradores (ainda na faculdade) querendo fazer algo diferente, em que usássemos um suposto diferencial em habilidades de gestão. O objetivo de longo prazo seria nos tornarmos capazes de formular um plano nacional de desenvolvimento. E queríamos começar já com a mão na massa.

Como todo grupo de jovens engajados (o que ainda somos, aliás), acreditávamos que iríamos mudar o mundo.

A reação do Paulo Renato, depois de nos ouvir, foi memorável:

"Quando eu era jovem, montei também um grupo com uns amigos, parecido com o de vocês..."

E depois continuou a conversa, dando a entender que o tal grupo não foi muito para frente. Ele prosseguiu a conversa nos estimulando e dando dicas, inclusive uma sugestão que se tornaria o projeto Araguaçu 2020.

Lembro que nossa primeira reação sobre isto foi pensar: "Poxa, ele nem se empolgou muito com o grupo. E ele mesmo já fez o que queremos fazer, e cadê o grupo dele hoje em dia? Nem mudou o Brasil nem nada."


Rapidamente percebemos a besteira que estávamos dizendo. Como poderíamos pensar que o Paulo Renato não mudou o Brasil?


Faço minhas as palavras do meu amigo José Frederico Lyra Netto: "Minhas sinceras homenagens à grande contribuição que [Paulo Renato Souza] deu à educação brasileira e ao país. Acredito que a História ainda dará o real valor de sua contribuição ao Brasil."

O Zé é o de gravata vermelha na foto acima. Ele já é coordenador do núcleo de reforma educacional do estado de Goiás e, espero, há de se tornar um Paulo Renato para o Brasil - ou seja, um divisor de águas em termos de qualidade de gestão pública.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Dúvidas sinceras

Li a seguinte reportagem agora há pouco:

José Rainha é condenado a quatro anos por furto em fazenda


O líder dissidente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Júnior foi condenado a quatro anos e um mês de prisão em regime semi-aberto por furto ocorrido durante a invasão de uma fazenda.

Sem querer entrar no mérito da prisão do Rainha em si, me passam algumas questões rápidas na cabeça. São questões de direito. Quem souber responde. Pago meio café (na PUC) para as melhores respostas.

1) "Dos outros 12 réus do mesmo processo, 2 tiveram a punição extinta e 10 foram absolvidos. (...) só Rainha foi condenado por ser considerado o líder de uma "massa de manobra".
"É inequívoco que ele [José Rainha] estava sempre presente na invasão, no claro papel de liderança, conforme relatos mais do que claros das testemunhas ouvidas", afirma Amaral [o juiz]."

Esse argumento não vale para lideranças do PT no mensalão (e outros casos semelhantes)?


2) É mais fácil condenar o réu nesses casos - mesmo com a incerteza de quem roubou o que no meio de uma grande confusão - que em casos clássicos de corrupção (alla Maluf, Sarney etc)?

Nos casos Sarney tinha empresas de fachada, um Instituto Sarney recebendo verba por nada, 823 parentes contratados, e mesmo assim o homem continua presidente do Senado!


3) Se prendem o Rainha por ser líder de invasão que roubou pedaços de madeira e um "motor de passar veneno" da fazenda, poderiam prender líderes estudantis por "coordenarem" o roubo de xícaras, placas e chancelas da universidade durante invasões de reitoria/diretoria acadêmica na USP/Unicamp? Seria aceitável/justo, ou a medida teria que ser outra?